Nesta semana, a comunidade contou com a ajuda do MST que doou 520 mudas para o pomar.
Todo o segundo sábado do mês, um grupo de 50 pessoas que mora nos bairros Saco dos Limões, Costeira e no Sul da Ilha se reúne pra colocar a mão na terra. E nesta terça-feira, dia 17, eles ganharam novos aliados: 200 voluntários do MST se uniram ao grupo e doaram 520 mudas de árvores nativas que trouxeram do Oeste catarinense, onde residem, para plantar na Via Expressa Sul, em Florianópolis.
“A participação dos integrantes do Movimento dos Sem Terra se deu como parte das homenagens do MST aos mortos do Massacre de Eldorado do Carajás, que completou 24 anos dia 17. Foi um mutirão, em conjunto com membros da comunidade que já vêm implantando um pomar, na região chamada Quadrado, como forma de dar um destino nobre a uma área que estava abandonada”, aponta o biólogo e vice-presidente da Associação de Moradores de Coqueiros, Rodrigo Kiko Bungus.
No entanto, argumenta Kiko, a ação de plantio acabou gerando informações deturpadas, devido à repercussão de fake news nas redes sociais. “Quem passava pela Via Expressa Sul, por desinformação, ignorância e preconceito creditava a ação do MST como invasão de terra pelo Movimento”, lamenta Kiko.
POMAR DOS CICLISTAS
O trabalho de reflorestamento do local iniciou faz seis anos e, de lá pra cá, já soma mais de 40 ações de plantio e cerca de 5 mil mudas cultivadas na Via Expressa Sul, na área que fica na saída do túnel Antonieta de Barros, em direção ao Sul da Ilha.
Batizado de “Pomar dos Ciclistas”, o local começou a ser urbanizado por ciclistas que encontravam, ali, um ambiente sossegado para descansar das pedaladas. Foram colocados banquinhos e equipamentos para a criançada.
“Mas, infelizmente, o vandalismo acabou com os bancos, que foram quebrados. A ideia, agora, é construir de concreto para evitar novos ataques”, aponta Kiko, que fornece mudas para o plantio e dá assessoria técnica como biólogo.
O chamado Pomar dos Ciclistas é uma iniciativa da coletividade num projeto de agroflorestas urbana, feito em regime de mutirão, sempre no segundo sábado de cada mês. “Estamos focando em espécies nativas e algumas exóticas frutíferas como araçá, goiabeira, butiá e o jerivá. A proposta é formar uma agrofloresta para produção de alimento e regenerar a vegetação nativa. Trata-se também de uma zona de amortecimento pra proteger o mangue”, explica Kiko, destacando a parceria da Comcap que faz o corte da grama e fornece composto orgânico.
“Como o Quadrado já ficou pequeno e vimos que a área do aterro da Via Expressa Sul corria risco de ser privatizada ou ter uso não social, resolvemos ampliar a agrofloresta que estamos implantando e criar a maior agrofloresta urbana do Brasil construída coletivamente, formando um parque linear ao longo de toda a margem do aterro voltada para o mar”, diz Kiko.
Biólogo Rodrigo Kiko Bungus (ao centro) fornece mudas e dá assessoria técnica para o plantio.
Texto: Sibyla Loureiro
Fotos: @janaina_santos295