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Um bom exemplo: antiga escadaria de Coqueiros recebe um colorido especial.

Artistas grafiteiros e moradores se mobilizam e transformam o local num “museu a céu aberto”.

Depois de décadas servindo de travessia para moradores que transitam entre as ruas Antônio José Duarte e Júlio Dias, em Coqueiros, a escadaria Madelene Hiller Duarte (dona Nina), ganhou um novo visual. Vizinhos e 25 artistas grafiteiros iniciaram neste domingo, dia 12, a colorir os muros laterais da escadaria que tem cerca de 114 degraus distribuídos em mais ou menos 150 metros.

“É uma maneira de revitalizar o nosso espaço que é praticamente o caminho de todos que moram entre essas duas ruas. Tanto pra fazer compras em Coqueiros como para acessar a Avenida Max de Souza e   manter outras atividades no dia-a-dia”, aponta Simone Simon que desde 2017 reside no condomínio Mirante do Porto, localizado na Rua Antônio José Duarte.

Idealizadora do movimento, Simone diz que a mobilização recebeu o acolhimento dos vizinhos e dos artistas que estão participando de forma voluntária. “Em decorrência dessa ação, a arte vai multiplicar-se para outros locais na redondeza. É a escadaria gerando frutos”, define Simone, lembrando que o muro na entrada da Rua Júlio Dias também foi revitalizado.

Segundo ela, o grafite- ao utilizar cores claras e vibrantes – também vai contribuir com a circulação e segurança de pessoas durante a noite.   

DUAS ETAPAS

A atividade será feita em duas etapas. A primeira, realizada neste domingo, foi a pintura das laterais. Ao todo, os artistas grafitaram três murais ao longo do caminho. Com temática livre, cada um deixou o seu  estilo estampado. Uns, com tipografia, outros com personagens e alguns preferiram destacar a fauna e a flora. A segunda etapa vai envolver os degraus da escadaria.

“Um museu a céu aberto”, define Lucas Rodolfo Antunes, mais conhecido no meio artístico como Kais, e responsável pela organização e convite aos artistas. Gaúcho da cidade de Canoas, mas morando em Florianópolis há bastante tempo, Lucas informa que, além dele, os demais grafiteiros são de várias localidades: Palhoça, São José, Itapema e até do Piauí.

Mas não foi apenas a turma de fora do bairro que resolveu abraçar a ideia: o estudante Noah, de 13 anos, morador da Rua Júlio Dias, também deixou sua marca no muro da rua em que reside. “Desde os 11 anos que ele gosta do grafite”, diz a mãe Sthéphany Rodrigues, mostrando o caderno com os desenhos e assinatura do seu nome que ele costuma praticar antes de exercer a “arte urbana”,

Tendo como referência o conhecido grafiteiro Vejam, Noah diz que a arte não deve ser apreciada só em museus, mas que também deve ser acessível para todos. “Assim, uma criança pode se inspirar e despertar a vontade de desenhar, por exemplo”, emenda a mãe.

Além do Noah, outros artistas deixaram seus registros no muro: o Jonathan e o próprio Vejam (foto abaixo), que tem vários trabalhos espalhados pela cidade.  Artista visual com raízes no grafite, ele acumula 25 anos de carreira. “Em Coqueiros já pintei muitas vezes, um bairro que sempre aceitou o grafite. A ideia é conquistar cada vez mais espaços para a arte”, defende.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Programada para ser uma servidão o que foi descartado por conta da estrutura íngreme, a escadaria foi construída há cerca de 20 anos quando foram erguidos, próximos ao local, dois prédios na Rua Antônio José Duarte.

“Foi a construtora que resolveu construir para valorizar os empreendimentos”, coloca o aposentado Flamir Fernandes Duarte, acrescentando que a primeira passagem foi erguida, por ele, de madeira para evitar o barro e alagamentos em dias de chuva.

Irmão de Madelene Hiller Duarte, a conhecida dona Nina que dá nome à escadaria, seu Flamir diz que na década de 30 a passagem servia para as moradoras descerem até a Rua Euclides de Castro (antes o mar vinha até a Max de Souza) para lavar roupas.

Segundo ele, a escolha do nome se deu em uma reunião entre os vizinhos que resolveram homenagear a conhecida dona Nina. “Além de outras atividades, minha irmã – falecida em junho de 2015 -foi uma das lutou para manter a travessia”, conta seu Flamir, ao destacar que o processo foi encaminhado ao ex-vereador e morador do bairro, Marquinhos Silva, autor do projeto aprovado na Câmara de Vereadores de Florianópolis.

Seu Flamir faz parte de uma extensa família que dá nome à rua em que mora: a Antônio José Duarte, em homenagem ao seu avô. Filho de Antônio Duarte Júnior e de Clotilde Thilia Livramento Rosa, seu Flamir é um dos 9 irmãos – ao lado de mais quatro – que ainda estão vivos.

ARTE URBANA

O grafite é uma das principais formas de manifestação da arte urbana. Muito presente nas vias públicas, os desenhos são feitos à mão, e cobrem muros, fachadas e paredes pelas cidades. Atualmente, o grafite é uma das manifestações culturais mais crescentes no mundo.

De origem italiana, a palavra grafite vem de “graffiti”, plural de “graffito”, que em sua tradução quer dizer “escrita feita com carvão”. Ele também pode ser chamado de grafito ou grafiti.

Ainda existe um certo preconceito e o grafite é visto por alguns como vandalismo e poluição visual. Ao mesmo tempo, ele vem ganhando cada vez mais a admiração das pessoas. O seu objetivo principal é ocupar os espaços e deixar algum tipo de reflexão para quem os vê.

Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/grafite-arte-urbana

GALERIA

Fotos: Sibyla Loureiro, Mariza Pecoits e Simone Simon

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