Cerca de 50 pessoas, entre moradores de Coqueiros, Conselho de Segurança da Região, autoridades municipais e estaduais, além de pais, professores e alunos do Colégio Alfa Visão, participaram nesta quinta-feira, dia 21, de uma reunião comunitária nas dependências da escola. Como tema principal, o aumento de delitos ocorridos no bairro, em especial no entorno do Trapiche da Praia da Saudade.
A reunião, convocada pela direção da Escola, partiu da preocupação dos moradores, principalmente das ruas José do Valle Pereira e Ferreira Bastos, com a falta de segurança no local. Assalto à mão armada, furtos de fios e de bicicletas, invasão a residências, consumo e venda de drogas e ainda a circulação de elementos suspeitos nas vias.
“Trata-se de um grito de socorro, pois sou responsável por 400 vidas aqui”, diz a diretora da escola, Mayara, que está no bairro há um ano. “Desde que cheguei no colégio, antes estava em Barreiros, esse foi o pior período de insegurança”, completa.
Para os moradores, existem alguns fatores para o crescimento da criminalidade. Um deles é o abandono da prefeitura em relação ao Trapiche da Praia da Saudade, interditado desde 2012 pela Defesa Civil do Município. De lá prá cá, muitos projetos e licitações já foram divulgados, mas até o momento nada de concreto. Segundo o prefeito Topázio Neto, uma nova empresa está sendo licitada para a reconstrução do antigo Trapiche da Praia da Saudade.
ABRIGO PARA DESOCUPADOS
“Existe um verdadeiro acampamento no local. Ali, acontece de tudo: uso e tráfico de drogas, dormitório com troca de cobertores diariamente, e até banhos nus de desocupados que usam o lugar como abrigo”, denunciam os moradores, solicitando à PM rondas permanentes com a presença de policiais não só na via principal, mas também vistorias na beira da praia, sobretudo embaixo do Trapiche.
Além do trapiche, outro fator é apontado para o aumento de delitos: residências fechadas como é o caso da casa da família do jornalista Cacau Menezes, que já foi invadida e hoje serve de dormitório para elementos desconhecidos e, muitas vezes, violentos como aconteceu dia desses com a fuga de bandidos pelo telhado da Escola Alfa Visão.
Assustados, moradores se declaram com receio de sair à rua, de chegar em casa, e transitar nas redondezas. Já colocaram câmeras, e muitos já pensam em vender a casa ou se isolar com grades, concertinas ou providenciar cães de guarda para aumentar a segurança da casa e da família.
Mas nem todos pensam assim: “Não quero morar num campo de concentração”, diz um dos moradores mais antigos da rua”, seguido de outro vizinho, um mais novo da rua José do Valle Pereira. Ele defende a atuação do poder público, pois credita a ele a responsabilidade pela segurança do cidadão. “Nosso bairro, apesar de ter a sede da Guarda Municipal na entrada, não se vê uma guarnição em lugar algum, por exemplo”.
CASA DE ACOLHIMENTO
Outra questão que gerou bastante polêmica, foi a instalação – desde fevereiro desse ano- de uma Casa de Acolhimento Institucional de crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, vinculada à Secretaria de Assistência Social do Município de Florianópolis.
Para falar da Casa, participaram da reunião o secretário adjunto Coronel Paixão e a coordenadora do abrigo, a assistente social Sidneia. Eles tiraram dúvidas da comunidade em relação às regras estabelecidas na Casa, já que muitos suspeitam da circulação de adolescentes nas redondezas fora do horário estabelecido pelo programa de acolhimento. Por sua vez, Sidneia se colocou à disposição da comunidade caso tenham algum problema de comportamento dos adolescentes.
AUTORIDADES PRESENTES
Márcio Fortkamp: delegado da Polícia Civil do Continente;
Clarissa Soares: tenente-coronel, comandante do 22º BPM;
Elaine Otto: presidente do Conselho de Segurança 31;
Guilherme Pereira: secretário do Continente;
Leonardo Contin da Costa: presidente da Pró Coqueiros;
Araújo Gomes: secretário municipal da Segurança Pública;
Coronel Paixão: secretário adjunto da Secretaria Municipal de Assistência Social
Sidneia: assistente social e coordenadora da Casa de Acolhimento de Coqueiros
E os vereadores Tânia Ramos e Marquinhos Silva.
PEDIDOS FEITOS PELA COMUNIDADE ÀS AUTORIDADES POLICIAIS
Reativação do Base Policial da PM na Praia do Meio;
Ronda policial pelas ruas transversais do bairro;
Melhorias no atendimento do 190;
Intensificação das rondas no entorno do trapiche com batidas de improviso embaixo do local.
SUGESTÕES E ENCAMINHAMENTOS FEITOS PELAS AUTORIDADES PARA AUMENTAR A SEGURANÇA.
Maior participação da comunidade nas reuniões do Conseg: solicitação do secretário de Segurança, coronel Araújo Gomes;
Instalação de câmeras de monitoramento na região, segundo divulgou o secretário Araújo Gomes
Demandas serão levadas às divisões especializadas da Polícia Civil, conforme anunciou o delegado Márcio Fortkamp;
Fazer BO na Delegacia de Polícia Virtual por menor que seja o furto, solicitação do delegado Márcio Fortkamp;
Falhas no atendimento do 190 serão revistas e solucionadas, conforme afirmou a tenente-coronel Clarissa Soares.
Engajamento maior dos moradores nas Redes de Vizinho e ampliação do uso do Aplicativo PM Cidadão para melhorar a segurança, solicitação da comandante Clarissa Soares.
Intensificar as rondas nas praias, conforme afirma a comandante Clarissa Soares.
Fotos Elaine Otto e Daniel Marques.