Retirada de embarcações e maré alta por conta dos futuros deques são problemas apontados por moradores.
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-04-04-at-14.31.32-1.jpeg-editada-1024x768.jpeg)
Reunião na Praia do Meio, nesta sexta-feira, dia 10, para decidir o ordenamento das embarcações na beira da praia, acabou num banho de água fria em pescadores e caiaqueiros. De acordo com o engenheiro responsável pela obra da Prefeitura de Florianópolis, Ricardo Junkes, canoas e caiaques deverão ser transferidos para outro local da praia, após a instalação dos deques à beira-mar.
Segundo o engenheiro, o deques terão dois metros de largura e, como vão ficar no nível da calçada, será impossível abrigar as embarcações embaixo deles. A sugestão de Ricardo é colocar os barcos na outra extremidade da praia, onde as coberturas ficarão mais altas.
De acordo com o Projeto de Revitalização da Orla, os deques na Praia do Meio serão instalados numa extensão de cerca de 330 metros, ou seja, desde a Praça José Boabaid – onde está o Posto da PM – até o Bolhas Bar.
PRAZO DE 30 DIAS PARA RETIRAR AS EMBARCAÇÕES
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-04-26-at-13.46.52-1024x768.jpeg)
Por conta do início da obra, que tem previsão para 30 dias, os proprietários das embarcações terão esse prazo para retirar seus barcos e caiaques e arrumar um local adequado para guardar. A expectativa de conclusão dos trabalhos é de 10 meses.
Somente após esse período é que será definido em que local da praia ficarão as canoas de pesca. “Vamos tentar resolver o impasse para não prejudicar a atividade”, aponta o superintendente municipal da Pesca, Adriano Weickert.
Quanto aos caiaques usados para esporte e lazer, a hospedagem ainda está indefinida. “Quem vai decidir é a própria comunidade. A Superintendência não tem jurisdição apropriada para julgar a questão”, aponta Adriano.
PRESERVAR AS TRADIÇÕES LOCAIS
Presente à reunião, a presidente do Conselho de Segurança de Coqueiros, Elaine Otto, defendeu a permanência das canoas de pesca no local. “Trata-se de um traço cultural que deve ser preservado. Canoas de pesca, local de confecção e reparo de redes. É um valor paisagístico imensurável. Descaracterizar este pedacinho de paraíso natural é doloroso. Melhoria sim, descaracterização não”, lamenta Elaine.
E foi justamente o que o secretário municipal da Infraestrutura, Valter Gallina, defendeu durante a inauguração do Centro Cultural do Continente, dia 14 de maio: após a pergunta da editora da Folha de Coqueiros, jornalista Sibyla Loureiro, o secretário garantiu que as embarcações continuariam no local, já que existe espaço adequado para erguer o deque.
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-05-18-at-14.28.04-2-1024x682.jpeg)
No entanto, não é o que foi anunciado na reunião desta sexta-feira pelo engenheiro responsável pela obra. “Por que, então, pediram para a gente fazer cavalete padrão?”, questiona a moradora Clarisse Herzog. Ela e os demais donos de caiaques e barcos investiram R$ 160,00 em cada cavalete, e mantiveram uma pessoa para limpar o local, já que a Comcap não dá conta de manter a limpeza de todas as praias.
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-04-26-at-13.48.45-2-1024x342.jpeg)
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-04-02-at-11.36.27-3-1024x497.jpeg)
Para completar a polêmica da instalação dos deques exatamente no lugar onde estão hospedados as embarcações, o engenheiro e morador da Praia do Meio, Roberto Boell Vaz, mostra a dificuldade em colocar estacas na praia devido à vegetação. “Como vão bater estacas aqui. Vão cortar as árvores, vão suprimir os galhos?”, questiona Roberto, posicionando-se contra à poda das árvores, já que elas levaram anos para crescer e dão um charme todo especial à orla. “Terão que pensar em outra alternativa para fixar as estacas”, acrescenta.
PRAIA DA SAUDADE
Pescadores da Praia da Saudade também estiveram na reunião para saber como ficaria a instalação dos deques na orla. Segundo Maurício Rodrigues, morador do local e pescador profissional, as estacas que estão sendo colocadas na areia da praia vão impedir o acesso do barco ao mar como também de outras atividades próprias da pesca como a limpeza da embarcação.
O problema, de acordo com o engenheiro Ricardo Junkes, será resolvido com a redução no tamanho de um dos três módulos de deques que serão construídos ao longo da Praia da Saudade. Nesse caso, o que ficará no entorno do antigo prédio do Restaurante Trintão.
Outro problema da Praia é a maré alta que vai exigir manutenção constante dos deques e uma vida útil muito pequena, segundo avaliação do engenheiro Roberto Boell Vaz. Em dias de vento sul, por exemplo, e principalmente no inverno, a maré chega a bater na mureta de proteção da calçada.
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/IMG-20220605-WA0010.jpg-editada-1024x691.jpg)
“O projeto de Revitalização das Praias do Riso, da Saudade e do Meio não está engessado. Estamos, justamente, promovendo reuniões em cada uma das praias para fazer as adaptações necessárias conforme as prioridades de cada local”, aponta Ricardo.
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/WhatsApp-Image-2022-05-19-at-15.17.08-2.jpeg-editada-abre-746x1024.jpeg)
CONHEÇA O PROJETO
![](https://folhadecoqueiros.com.br/wp-content/uploads/2022/06/IMG-20220518-WA0024-1024x576.jpg)
Os primeiros trabalhos, conduzidos pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, que deu ordem de serviço no dia 18 de maio, começaram pela cravação de estacas de concreto e madeira para execução da estrutura do deck na Praia do Riso. Em seguida, na Praia da Saudade e na sequência a Praia do Meio.
Ao todo, as três praias, que serão revitalizadas, totalizam 770 metros de extensão. Elas vão ganhar decks; guarda-corpo metálico; escadas de acesso à praia; revitalização dos passeios de petit pavê; instalação de bancos de madeira sem encosto; lixeiras; paisagismo; e implantação de faixas elevadas nas pistas de rolamento em frente da orla para acessibilidade aos decks.
Os serviços serão feitos pela empreiteira STC – Serviços de Terraplanagem e Construção Ltda. pelo prazo de 10 meses, ou seja, até março do ano que vem. O valor total do investimento é de R$ 7.010.277,77.