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O dono da noite: César Ávila fez sucesso com a abertura do Tritão e Capelinha.

No último mês de maio, a tradicional casa noturna de Coqueiros – que fez história na década de 70 – completou 52 anos. Uma história que começou com um personagem bastante conhecido no bairro, seu César Ávila.

Para contar um pouco da sua trajetória e da noite local, ele recebeu a Folha de Coqueiros num dos tantos lugares que costuma frequentar diariamente: no Salão de Beleza da Cris. E foi assim que, hoje, aos 89 anos, ele lembrou de algumas passagens do famoso Tritão, que ele fundou em 27 de maio de 1971.

Construído pelo sócio e ex-dono da empresa Pedrita, o saudoso Paulo Gil, o prédio foi erguido no terreno alugado do engenheiro Rui Ramos Soares, na Praia da Saudade.

“Abrimos o Tritão com a proposta de funcionar como um bar-restaurante com atendimento durante todo o dia. Foi mais na coragem e sem muita expectativa de público. Mas, ao contrário, o local virou ponto de encontro e explodiu”, recorda seu César Ávila. Nas sextas-feiras, por exemplo, conta seu Ávila, os clientes chegavam a vir de Blumenau, do Rio Grande do Sul e até atores como Vera Fischer eram assíduos frequentadores.

Durante seis anos César Ávila ficou à frente do Tritão junto ao também conhecido garçom, na época, Fábio Bassani. Chegou a comprar a parte do sócio Paulo Gil e concedeu participação nos lucros ao Fábio. Mas, por problemas internos, César Ávila se desligou da administração do Tritão e se aventurou em novos caminhos.

BOATE CAPELINHA NO LUGAR DA IGREJA

Aposentado do Ministério do Transporte, resolveu seguir como empresário da noite e investiu na rótula das avenidas João Meireles e Desembargador Pedro Silva. Comprou o prédio da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes de Itaguaçu – hoje localizada na entrada do Bom Abrigo – do Frei Augusto e montou a Boate Capelinha. Só que no dia da inauguração foi impedido de abrir por conta de um movimento cristão que não concordava com a ideia de substituir a igreja por uma boate no local.

“Em protesto, pintei de preto uma faixa escrito- Censurada – e marquei nova inauguração. A casa ficou lotada e foi um sucesso. Filas de pessoas na frente eram comuns. Ganhei muito dinheiro. Afinal, Coqueiros não tinha nada e a diversão se resumia entre o Tritão e a Capelinha”, diz.

Às vésperas de completar 90 anos, seu César se acomodou, pelo menos da noite florianopolitana. Mas continua frequentando o bairro de Coqueiros e cultivando boas amizades e boas conversas: almoça quase todos os dias no restaurante do Luís, que fica em cima do Posto de Shell, conversa com o Pedro no Ponto de Táxi, e bate-ponto na Barbearia do Zeca e no Salão da Cris, só pra citar alguns lugares. Sem esquecer, que o roteiro do Bom Abrigo, onde mora, até Coqueiros é feito de ônibus.

Separado há muitos anos da mulher Anita que mora no Abraão, ele tem três filhos- dois homens e uma mulher.

PRÉDIO SERÁ DERRUBADO

Embora guarde um pedaço da memória de Coqueiros e região, o prédio do antigo Tritão, que na década de 90 também fez sucesso como restaurante dançante, o Canecantto, não resistiu ao crescimento imobiliário da região e está prestes a vir abaixo.

Área de estacionamento onde hoje é realizada uma feira livre às terças-feiras pela manhã.

De acordo com o aposentado e morador da Praia do Meio, José Rui Soares, o terreno foi comprado pela Construtora Coral. “Depois da morte da minha mãe, dona Dey Cabral Soares, a família resolveu vender a área que era alugada pelo meu pai, engenheiro Rui Ramos Soares”, informa.

Fechado desde a pandemia do Coronavírus, o prédio está totalmente abandonado e destruído pelo tempo e pela falta de manutenção. Hoje abriga, na área de estacionamento, uma feira livre às terças-feiras pela manhã.

A comunidade do bairro já participou de um abaixo-assinado promovido pelo vereador Marquinhos Silva pedindo uma praça aberta ao público, já que o receio é de o local ser utilizado pela iniciativa privada, ou seja, pela Construtora Coral que deverá erguer um empreendimento no terreno.

Como trata-se de uma área pertencente à União, o assunto está sendo analisado pela SPU (Secretaria do Patrimônio da União).

Foto Tritão anos 1970 na Praia da Saudade em Coqueiros- Foto Divulgação/José Rui Soares.

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