Sobre o fato ocorrido na última quarta-feira, dia 13 de setembro, e noticiado pelo jornal Folha de Coqueiros, referente à fuga de bandidos de uma casa abandonada e a posterior invasão à Escola Alfa Visão Coqueiros.
Como mães e, em sua grande maioria, moradoras do bairro, sentimos a necessidade de nos posicionarmos sobre o ocorrido.
Começamos essa nota mencionando que é muito importante avaliarmos essa situação sob uma perspectiva mais ampla.
Primeiro: É visível que nos últimos tempos, houve um aumento significativo do número de moradores de rua e pessoas em situação de vulnerabilidade social em Coqueiros. Como em todos os lugares do mundo, isso faz com que o bairro fique menos seguro e exposto a mais situações de violência tais como, assaltos, roubos, invasões de residências e comércios, etc.
Segundo: sobre a situação específica que aconteceu na quarta-feira, dia 13 de setembro, ela nos desperta uma série de gatilhos, em função de todos os últimos casos envolvendo invasões e mortes de crianças dentro de escolas. Mas precisamos ter a cautela de observar que foi uma situação “diferente” de todos esses últimos casos. Pois tratava-se de uma fuga e não de uma “invasão” intencional com o objetivo de atacar a escola ou os alunos.
Terceiro: A nota do “responsável” pela casa foi totalmente descabida e inadequada para a situação. O fato é: a casa que fica ao lado da escola está vazia E abandonada. A maior prova disso é que moradores de rua invadiram a residência já há algum tempo e estão utilizando o espaço para se abrigar e fazer o uso de drogas. Essas pessoas não entraram na casa pelo colégio, conforme afirmação da nota. A casa tem acesso direto pela rua da frente e lateral, pois não há muros ou portões de segurança que impeçam a entrada no local. Os bandidos que estavam fugindo da polícia saíram da casa e entraram na escola para fugir – e não o contrário. Se o “responsável” pelo imóvel tem questões a serem resolvidas com a escola sobre o que ele chamou de “puxadinho”, isso é outro assunto. Não tem absolutamente nada a ver com o que aconteceu ontem e demostra uma profunda falta de empatia com os moradores do bairro e a comunidade escolar, que está se se sentido exposta e vulnerável diante da permanência desses moradores de rua naquele local. Após o ocorrido, a polícia e a diretora da escola é que tomaram providências, ainda ontem a tarde mesmo, para fechar com tapumes as janelas da casa. Isso é responsabilidade dos donos da casa e não do poder público ou da escola. Bandidos saem de dentro da casa dele e invadem a escola e ele manda uma nota falando sobre “desvalorização do seu imóvel” e “pedido de indenização”? Chega a ser revoltante ler uma coisa dessas.
Quarto: a polícia falhou no seu papel de manter a escola segura e demonstrou despreparo para lidar com a situação. A abordagem policial que originou a fuga dos bandidos coincidiu com o horário de saída dos alunos da manhã. Esse tipo de ação deveria ser planejada com cuidado e avaliando os riscos de fuga, especialmente por se tratar de um local ao lado de uma escola. Os policiais chegaram com armas em punho e entraram na escola, sem explicar nada. Alunos e funcionários da escola ficaram assustados e sem saber o fazer. Vale comentar que pouco minutos antes de isso acontecer, muitas crianças estavam na frente da escola, embarcando para um passeio escolar, inclusive a minha filha. A “confusão” poderia ter sido ainda maior.
Quinto: Felizmente, não tivemos nenhuma criança ferida ou algo do tipo. Mas poderíamos ter. Os bandidos poderiam estar armados, poderiam ter “se escondido” numa sala de aula cheia de alunos, poderiam ter pego uma criança como refém. A lista de possibilidades aqui é infinita e chega a apertar o coração só de pensar. Por isso, se faz necessário identificar adequadamente as responsabilidades pelo que ocorreu e tomar as medidas necessárias para que não volte a ocorrer novamente. A escola precisa reforçar a segurança física do seu espaço e os protocolos se segurança em caso de invasão (já estamos avançando nesse plano junto com a direção da escola). O dono ou responsável pela casa precisa sim tomar providências para dificultar a entrada de moradores de rua. A polícia precisa fazer rondas frequentes e estar presente em horários de entrada e saída dos alunos. Além disso, precisa ser treinada para saber lidar com situações desse tipo. O prefeito precisa atuar continuamente e de forma consistente para reduzir a quantidade de pessoas em situação de rua na cidade.
Sabemos que o problema de segurança não é exclusividade do nosso bairro e muito menos da nossa cidade, e que não é nada simples de ser resolvido. Mas como cidadãos que pagam seus impostos e vivem nessa comunidade, temos o dever de cobrar ações efetivas que visem a prevenção desse tipo de situação. Se cada um assumir a sua responsabilidade, e fizer a sua parte, temos mais chances de avançar para uma realidade melhor para todos.
Edição 1: cabe o registro de que após a redação desse texto, recebemos a informação de que a Guarda Municipal já realizou, na madrugada no dia 14, uma ação no local, reforçou a ronda na região e está, em conjunto com a direção da escola, elaborando um plano de ação mais amplo e completo para garantir a segurança da escola e dos moradores. Agradecemos ao vereador Renato Geske e ao Prefeito Topázio pela atenção e pronta resposta ao ocorrido.
Assinam,
Mães do Infantil 4 da Escola Alfa Visão Coqueiros