Vizinhos vão se mobilizar para evitar qualquer intervenção na Escadaria, já que é de domínio público.

Um mês depois de revitalizada por artistas grafiteiros, a escadaria Madelene Hiller Duarte, mais conhecida como Dona Nina, está ameaçada. Moradores que se mobilizaram para mudar o visual do lugar, estão preocupados com “boatos” que surgiram após apagarem – com tinta branca – o *graffiti realizado por profissionais voluntários no muro da Rua Júlio Dias, em Coqueiros.
“É lamentável ver anulado todo o trabalho gratuito de jovens que se dispuseram a contribuir para melhorar e esconder a degradação daquele espaço. Um paredão que ganhou vida e alegrou os olhos de quem passa por ele”, diz a moradora Mariza Pecoits, lembrando que a proprietária da casa havia autorizado o graffiti.
“Tudo bem que a dona não tivesse gostado, afirmando que alguns vizinhos classificaram a pintura de arte lixo. Mas o que dói na gente, e deve doer ainda mais em quem se dedicou à obra, é ver todo o esforço e tempo gasto em pintar um muro – que ficou tão alegre – destruído. Então, que não tivesse dado consentimento. Isso teria poupado também o dinheiro do material empregado “, desabafa Mariza.




ESCADARIA PODE SER A PRÓXIMA

De acordo com Mariza, os boatos que surgiram são referentes ao condomínio que fica ao lado da Escadaria Dona Nina. “Há rumores de que quando forem pintar a fachada do edifício, também vão pintar o muro do lado da escadaria”, afirmou, ao dizer:
“Mas não vamos permitir que a intolerância de algumas pessoas destruam o trabalho realizado com tanto empenho pelos grafiteiros a pedido da vizinha e amiga Simone Simon. Se o boato for verdadeiro, vamos nos organizar para impedir qualquer intervenção negativa, pois a escadaria é uma servidão pública e os muros que a cercam nunca receberam atenção alguma dos edifícios vizinhos para sua manutenção”.

Mariza Pecoits (à direita): vamos nos organizar para impedir qualquer intervenção no espaço público
Ela lembrou que o cuidado com os jardins que rodeiam a escadaria, como o cultivo de chás medicinais e flores ornamentais, e a limpeza sempre foram feitas pelo zelador Gilberto, desde a Rua Antônio José Duarte até a Júlio Dias. “E a pintura promovida pelos vizinhos da rua e do Condomínio Mirante do Porto. O que os graffitis estão incomodando eles agora?”, pergunta Mariza.
MUSEU A CÉU ABERTO


Caminho diário de moradores que transitam entre as ruas Antônio José Duarte e Júlio Dias, em Coqueiros, a Escadaria Dona Nina recebeu no dia 12 de janeiro “um verdadeiro museu a céu aberto”. Cerca de 25 artistas grafiteiros coloriram os muros laterais da escadaria, com cerca de 114 degraus, e deixaram, ali, seu estilo estampado.
Idealizadora do movimento, a moradora Simone Simon diz que a ação recebeu o acolhimento dos vizinhos e dos artistas que estão participando de forma voluntária. Segundo ela, o graffiti- ao utilizar cores claras e vibrantes – além de embelezar o local, também vai contribuir com a circulação e segurança de pessoas durante a noite.

“Em decorrência dessa ação, a arte vai multiplicar-se para outros locais na redondeza. É a escadaria gerando frutos”, define Simone, lembrando que o muro na entrada da Rua Júlio Dias também foi revitalizado, destacou, à época, sem prever, no entanto, a retirada dos graffitis do muro.
“Foi uma renovação de cortar o coração. Estou ainda sem palavras pela atitude”, lamentou. Mas, segundo ela, por coincidência da vida, no sábado (dia 15) foi feita uma nova pintura pelo artista Matias. “Ele veio da Lagoa da Conceição para pintar o muro da Travessa América, perto da Escadaria, e levou 5 horas para fazer a arte. E ficou linda”, elogiou.

GALERIA
ESCADARIA ANTES DA REVITALIZAÇÃO


E DEPOIS DA REVITALIZAÇÃO


Fotos: Sibyla Loureiro, Mariza Pecoits e Simone Simon
*Graffiti, foi usada assim no texto, ao contrário da palavra escrita em português “grafite”, por conta dos profissionais que trabalham com essa técnica que é a pintura com spray, que chamam “Arte Graffiti”.
Conheça a história da Escadaria Dona Nina e confira o trabalho feito pelos grafiteiros.
Acesse a matéria abaixo publicada na Folha de Coqueiros.