A Escola de Educação Básica Rosinha Campos promoveu um workshop de grafite com o objetivo de incentivar a prática artística e o desenvolvimento de habilidades criativas entre os alunos do 8º ano. Coordenado pela professora de Artes Edilene Gonçalves e pelo artista gráfico André “Azo”, o workshop proporcionou aos estudantes a oportunidade de explorar o universo de artistas catarinenses, brasileiros e estrangeiros.
O trabalho, realizado na quinta-feira à tarde e que envolveu 35 alunos, resultou na criação de um grande painel colaborativo que agora enfeita o palco do pátio da escola.
O mural (confira abaixo) começou com uma homenagem ao artista catarinense Meyer Filho (1), conhecido por suas representações de “galos fantásticos” e pela influência do surrealismo, uma inspiração que ele buscou em “Marte”. Para enriquecer a composição, os alunos incluíram o relógio derretido característico de Salvador Dalí (2), ícone do surrealismo espanhol, que deu ao mural um toque onírico e intrigante.
Em seguida, os alunos representaram uma escultura inspirada no trabalho da artista catarinense Eli Heil,(3) que foi pintora, desenhista e escultora reconhecida por seu “Mundo Ovo”, um espaço dedicado à arte multifacetada e inclusiva, que explorava desde o desenho até a cerâmica. Essa etapa do workshop permitiu que os alunos conhecessem a arte em suas múltiplas formas e contextos, abrindo espaço para discussão sobre a importância de cada expressão artística.
A oficina também abordou o modernismo brasileiro com a obra “Abaporu” de Tarsila do Amaral (4), permitindo observar o caráter nacionalista da pintura e os núcleos inspirados na bandeira do Brasil. Em continuidade ao painel, o mural trouxe a representação do folclore e das tradições culturais catarinenses com o trabalho da artista Vera Sabino (5), cujas obras celebram as lendas e costumes locais, valorizando temas regionais. Para agregar ainda mais intensidade e emoção ao mural, os alunos incluíram uma releitura de “O Grito”, a famosa obra do expressionista norueguês Edvard Munch (6), que trouxe à composição uma atmosfera dramática e reflexiva.
Para finalizar o projeto, o painel foi concluído com uma fusão dos elementos de “Noite Estrelada” e “Girassóis” de Vincent van Gogh (7), criando uma combinação de cores e formas impactantes que celebrou o estilo único do artista holandês. A mistura dessas duas obras emblemáticas adicionou profundidade e dinamismo ao painel, inspirando os jovens artistas e permitindo que eles experimentassem a harmonia entre formas e cores. A composição final trouxe uma narrativa visual rica e diversificada, representando um passeio por diferentes estilos e movimentos artísticos.
“A oficina foi mais do que uma atividade de pintura, ela trouxe uma experiência de autoconhecimento e expressão que enriquece os estudantes em vários aspectos da vida. Trabalhamos com observação e respeito ao espaço coletivo, competências essenciais para a formação cidadã”, aponta a professora de Artes Edilene Gonçalves, acrescentando:
“A oficina de grafite revelou-se uma poderosa ferramenta pedagógica e emocional, desenvolvendo habilidades cognitivas e emocionais nos alunos. A atividade não apenas incentiva a criatividade, mas também promove o trabalho em equipe e a valorização do espaço coletivo. É uma experiência que, com certeza, ficará marcada na vida de cada um dos estudantes, reforçando o impacto positivo que o contato direto com a prática artística proporciona aos jovens e sua importância no crescimento pessoal e social”.
Para o diretor da escola, José Vanderlinde, “a construção coletiva fortalece os laços de pertencimento e faz com que haja um maior cuidado e zelo pelo ambiente escolar”.
CONHEÇA OS ARTISTAS
- Ernesto Meyer Filho (Itajaí, 4 de dezembro de 1919 — Florianópolis, 22 de junho de 1991) foi um artista plástico catarinense. Quintais e galos fantásticos estão entre os temas preferidos do artista, que buscava inspiração em “Marte”.Meyer Filho, possui obras nos museus de arte de Florianópolis, Belo Horizonte, Joinville, Pinacoteca de Porto Alegre, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (Coleção TheonSpanoudis) e em coleções particulares no Brasil e exterior.
- Salvador Dalí foi um pintor espanhol e considerado o mestre do movimento de vanguarda surrealismo. Considerado excêntrico por muitos, não só por causa de suas obras como também pela vida pessoal, Salvador Dalí é um dos principais nomes da História da Arte do século XX.Suas obras surrealistas e subjetivas contêm ingredientes como ilusões de ótica, truques de perspectivas e hologramas. O pintor espanhol criou quadros diferenciados e inovadores à época.
- Eli Malvina Heil (1929, Palhoça) – (10/09/2017, Florianópolis) foi uma artista plástica brasileira.Viveu a infância e a juventude no município vizinho de Santo Amaro da Imperatriz, tornando-se professora de Educação Física. Oportunamente mudou-se para Florianópolis, onde lecionou em um colégio da capital, antes de dedicar-se integralmente à atividade artística. Pintora, desenhista, escultora, ceramista, tapeceira e poeta, participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior.Realizou um trabalho único, de difícil classificação, que na XVI Bienal Internacional de São Paulo foi catalogado como “arte incomum” (artbrut): “A arte para mim é a expulsão dos seres contidos, doloridos, em grandes quantidades, num parto colorido”.
- Tarsila de Aguiar do Amaral (Capivari, 1 de setembro de 1886 — São Paulo, 17 de janeiro de 1973) foi uma pintora, desenhista, escultora, ilustradora, cronista e tradutora brasileira. É considerada uma das principais artistas modernistas latino-americanas, além de ser considerada a pintora que melhor alcançou as aspirações brasileiras de expressão nacionalista nesse estilo artístico. Tarsila também é considerada uma grande influência no movimento da arte moderna no Brasil.
Abaporu foi pintada em óleo sobre tela, em janeiro de 1928, por Tarsila do Amaral como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: “Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?”. Os dois escritores escolheram um nome para a obra, que veio a ser Abaporu, que vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando “homem que come gente”. E também é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil.
5-Vera Sabino (Florianópolis, 2 de novembro de 1949) é uma artista plástica e folclorista brasileira. É autodidata e tem preferência pelo folclore catarinense. É reconhecida nacionalmente, retratando a cultura, tradições e costumes de Santa Catarina. Já participou de mais de 60 exposições, sendo que duas delas foram na França e nos Estados Unidos, também sendo renomada no exterior. O tema principal de suas obras sempre foi voltado às histórias que ouvia quando era criança sobre as bruxas. Florianópolis é conhecida como a ilha da magia, e o mito dessas criaturas é popular entre seus habitantes. As bruxas de Cascaes e as histórias da ilha são alguns dos temas abordados por Vera em suas criações.
6-Edvard Munch (Ådalsbruk, 12 de dezembro de 1863 — Oslo, 23 de janeiro de 1944) foi um pintor norueguês, um dos precursores do impressionismo e expressionismo. A sua obra mais famosa é “O grito” na qual uma pessoa numa ponte grita a sua angústia e aflição.
7-Vincent Willem Van Gogh (holandês: Zundert, 30 de março de 1853 – Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês. Considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental, criou mais de dois mil trabalhos ao longo de pouco mais de uma década, incluindo 860 pinturas a óleo, grande parte das quais, concluídas nos seus últimos dois anos de vida. As suas obras incluem paisagens, natureza-morta, retratos e autorretratos, caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas, que contribuíram para as fundações da arte moderna e trouxeram distinção para o estilo do pintor.
TEXTO E FOTOS: Divulgação Escola Rosinha Campos
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