Destaque ficou por conta da presença maciça da Comunidade da Vila Aparecida.
Moradores da Vila Aparecida, em Coqueiros, compareceram em peso na audiência da Revisão do Plano Diretor de Florianópolis, da região continental, que aconteceu nesta sexta-feira, dia 22, no Sest/Senat, Jardim Atlântico.
Revoltados e assustados com a última intervenção promovida por uma força-tarefa envolvendo várias secretarias municipais e que acabou na demolição de casas na comunidade, o grupo pediu ajuda ao prefeito Topázio Neto, que acompanhou a audiência.
A maioria dos moradores fez depoimento emocionado ao mostrar que são trabalhadores, acordam cedo, e devem ser respeitados pelas autoridades. Afirmam que, na operação, eles nem sequer foram comunicados anteriormente sobre as demolições. “Já tenho 63 anos e estou velha. Mas me preocupo com os meus dois netos. Construímos nossa vida ali, e os meus netos, o que será deles?”, conclama dona Maria das Dores Levino.
Sensibilizado com os depoimentos, o prefeito Topázio Neto foi conversar com a comunidade e se comprometeu a fazer uma reunião para discutir o assunto. Conforme o @Blog do Abraão, ele confirmou o encontro: “Vamos nos reunir na próxima semana para que eu possa conhecer os detalhes da situação. Parece ser uma reintegração de posse, mas preciso entender a extensão do problema que será gerado e buscar formas de minimizá-lo com olhar para as pessoas envolvidas. Estamos organizando o encontro”.
“Diante de todos emergiu uma cidade oculta que paradoxalmente habita os morros. Sua empatia diante dos relatos do povo da Vila Aparecida ficou evidenciada nas vezes que passou a mão a testa, no olhar atento e na sua ida até o grupo de moradores”, relatou a presidente do Conselho de Segurança de Coqueiros, Elaine Otto, em mensagem de agradecimento ao prefeito Topázio Neto pela sua sensibilidade e permanência até o final da audiência.
LOMBOFAIXA
A exemplo da postura tomada em relação aos moradores da Vila Aparecida, o prefeito Topázio Neto foi conversar com a aposentada Lisete Contin depois de ela fazer o seu depoimento. Contundente, Lisete denunciou as obras mais recentes erguidas pela prefeitura em Coqueiros. “A lombofaixa construída na Avenida Max de Souza, por exemplo, depois da morte de uma senhora, já está se destruindo. Também, no entorno, existe uma água vertendo da calçada há vários meses”.
O prefeito garantiu tomar providências diante dos fatos mencionados, ao entregar a ela um “cartão de visitas” destacando o contato do canal de conversa com a comunidade batizado de “Alô Topázio”.
DE COQUEIROS
Presentes à audiência, moradores de Coqueiros também fizeram depoimentos contrários ao que está sendo preconizado pela Prefeitura ao novo PD. Os principais pontos questionados são em relação ao adensamento urbano, em certos locais, sem determinar a infraestrutura adequada. “Não está claro na lei o que poderá ser feito no setor da construção civil, por exemplo, o que dá margens para o gestor fazer várias interpretações, especialmente quando há troca de mandato”, aponta Beatriz Cardoso, representante da Pró-Coqueiros.
Já a arquiteta Silvia Lenzi, representando a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Bom Abrigo – Amaba – destacou – em seus dois minutos de depoimento – a importância de aguardar o resultado do Censo de 2022, visto que estão faltando dados atualizados no diagnóstico que a Prefeitura está apresentando.
“O Censo Demográfico de 2022 traz uma inovação, pois servirá de base para o desenvolvimento de políticas públicas, inclusive a identificação de infraestrutura urbana, como ruas, avenidas e equipamentos urbanos, pontos de ônibus, iluminação pública, ciclovias, entre outros”, completa o arquiteto e professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, Francisco Carneiro, ao lembrar que a pressa patrocinada pela prefeitura vai inviabilizar o uso dos resultados do Censo de 2022.
PROJETO UFSC
Coordenador do Projeto Coqueiros-Luz, que pretende promover a ligação entre o Parque de Coqueiros ao Parque da Luz à beira-mar, baseado na proposta de Parque Linear, o professor Francisco Carneiro aproveitou seu depoimento para divulgar o projeto que está sendo elaborado pela UFSC em parceria com as associações de Coqueiros e do Parque da Luz.
Aproveitou, também, os seus minutos para ressaltar a importância de a Prefeitura manter uma parceria com a Universidade no sentido de colaborar com estudos técnicos para projetos implementados na cidade. Topázio Neto mostrou interesse e já contatou o professor para uma reunião tão logo sejam encerradas as audiências do Plano Diretor.
PARTICIPAÇÃO POPULAR
A Audiência Pública da revisão do Plano Diretor do Distrito Sede Continente, promovida pela Prefeitura de Florianópolis, englobou os bairros Balneário, Canto, Coloninha, Itaguaçu, Monte Cristo, Estreito, Coqueiros, Capoeiras, Abraão, Bom Abrigo e Jardim Atlântico.
O secretário de Mobilidade e Planejamento Urbano, Michel Mittmann, abriu a audiência e apresentou os pilares e diretrizes da revisão e, na sequência, o diagnóstico e propostas preliminares específicas para o distrito. Após a apresentação, iniciou-se o momento das manifestações previamente inscritas.
A audiência contou com ampla participação popular e reuniu moradores, vereadores e representantes da comunidade que manifestaram suas considerações, sugestões e críticas. Na ocasião, 259 munícipes assinaram a ficha de presença, sendo que 78 se apresentaram para uso da palavra.
“A cada audiência as participações estão mais maduras e mostram o interesse da população em participar e fazer valer sua vontade nos rumos da cidade que queremos”, disse o prefeito Topázio Neto.
Ele informou ainda sobre a mudança de data e local da audiência final, que será dia 8 de agosto às 16h no Centrosul. “Temos visto grande participação do público nas audiências distritais, e o objetivo é termos um espaço maior para que todos possam participar”, completou.
Fotos Elaine Otto
Audiência iniciou por volta das 18h e se estendeu até 23h30. Mais de 250 pessoas participaram. E 78 fizeram uso da palavra.