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Construção de prédio é tema de reunião de moradores e comunidade escolar.

Trata-se de condomínio que está sendo erguido em servidão próxima à Rua Bento Goiá, em Coqueiros.

Integrantes da comunidade da Praia do Riso se reuniram na noite de quarta-feira (18) para debater os problemas gerados pelas inúmeras construções na região. O encontro ocorreu na Escola Praia do Riso e contou com participação de representantes da Associação Pedagógica Praia do Riso (APPR), da Associação Pró-Coqueiros, da EBM Almirante Carvalhal e moradores da localidade.

O motivo principal da reunião foi o condomínio que está sendo construído na Servidão Apolinário D’Ávila e que vem causando transtornos para a região.

Seguem os relatos dos moradores e fotos na Galeria abaixo:

O empreendimento ignora as regras da construção civil ao utilizar a servidão como pátio de obras, descarregando materiais e operando maquinários pesados como caminhões betoneiras e escavadeiras na via pública. Atitude que coloca em risco a segurança dos moradores e da comunidade escolar.

Os veículos da construção ficam estacionados na Servidão Apolinário D’Ávila , que é estreita, e os moradores ficam à mercê dos caminhões para poderem entrar e sair de suas residências.

O problema também afeta o trânsito da Rua Bento Goiá, uma vez que esses caminhões manobram na contramão da rua para abrir espaços aos carros dos moradores. É preciso lembrar que há três escolas na Bento Goiá e que o congestionamento da rua já é um problema debatido há tempos.

Os maquinários pesados utilizados na obra também quebraram as lajotas da rua e afundaram parte da servidão. Os ralos – um quebrado e o outro entupido – prejudicam a mobilidade dos moradores, e oferecem perigo aos pedestres (o buraco sequer é sinalizado).

O peso dos caminhões também quebrou o cano de esgoto, deixando a servidão intransitável tanto para moradores como para veículos, além do cheiro ruim e do perigo de doenças.

Há um volume considerável de terra e pedras abandonadas em cima da calçada, causando sujeira (lama e/ou poeira excessiva). Há também a preocupação com o impacto desse material na rede de esgotos.

Como a servidão fica localizada atrás da Escola Praia do Riso, instituição de ensino fundamental, crianças e funcionários ficam expostos aos riscos provocados pelo empreendimento, que parece não se preocupar com as demandas da comunidade. O pátio da escola já teve de ser evacuado por causa da queda de materiais da obra, que atingiram as dependências da escola.

Também não estão sendo respeitados os horários de silêncio, sendo frequente a chegada de caminhões (que dão ré e apitam) por volta das 6h30 da manhã. Outras vezes, o trabalho segue além das 19h.

A moradora da casa vizinha à obra é idosa e o barulho incessante de veículos e funcionários trabalhando em frente a sua casa (fora do pátio da obra) está infligindo, inclusive, o Estatuto do Idoso.

Anos atrás, a comunidade conseguiu embargar uma construção no mesmo local por falta de viabilidade do terreno e pela incapacidade das vias do entorno de assimilar o fluxo de veículos.

Dessa forma, foi decidido que a comunidade vai enviar documentos ao Ministério Público Federal e ao Gabinete do prefeito já que, até o momento, as denúncias no sistema da Secretaria de Obras do Município não estão dando retorno.

DEPOIMENTOS

“Cadê as árvores que estavam aqui?
 A quadra está liberada hoje?
 Mas eles vão plantar em outro lugar?
 E o muro, vai cair?
 Os moços da obra fumaram muito!”
Essas são algumas das perguntas e observações que as crianças da Associação Pedagógica Praia do Riso compartilharam conosco desde o início da obra ao lado da escola.

É fato que a obra também desperta encantamento. Tratores, caminhões e retroescavadeiras sempre fizeram parte do imaginário e do desejo das crianças. No entanto, ao perceberem que o barulho que as assusta por diversas vezes vem desses mesmos maquinários e que eles também derrubam árvores, as crianças já não correm mais para observá-los de perto quando aparecem no terreno ao lado.

Essas são nossas observações e escutas como adultos que estamos na escola. Mas, ao escrever, surge uma curiosidade de saber o que pensam as crianças e adolescentes que que estudam no Almirante Carvalhal, no NEIM Coqueiros, e os moradores a respeito da construção de um prédio que utiliza a rua como pátio de obras e, em muitos momentos, inviabiliza o direito de circulação segura e o uso da quadra da escola por semanas. Não tem como estudar bairro, cidade, estado e país como orienta a BNCC sem falar de direitos, sustentabilidade e plano diretor.

Diante do que estamos vivendo na escola e observando as dificuldades dos vizinhos, nos reunimos para conversarmos e tirarmos encaminhamentos sobre os impactos deste empreendimento que vem afundando a rua, deixando cair rejeitos na quadra da escola e desobedecendo horários permitidos para obras, mudando a realidade local sem consulta e participação da comunidade”.

Marina Borges, coordenadora do ensino fundamental

“A Rua Bento Goiá não comporta toda essa demanda do trânsito. São quase mil alunos que frequentam as três escolas que funcionam na via, além dos moradores. Sem contar as mudanças na sinalização da rua e a construção de dois novos prédios. Sendo assim, a rua enfrenta sérios problemas devido ao tráfego elevado. Já enviamos várias solicitações para a prefeitura realizar uma revisão das sinalizações e retornar ao modelo antigo.

Diante de todos as dificuldades enfrentadas, foi discutido na reunião da APPR que a comunidade de Coqueiros deve se mobilizar e fazer um movimento contra o crescimento da construção civil, permitido pelo Plano Diretor. Coqueiros não suporta o atual adensamento imobiliário. Outra ação proposta é de que se inclua no calendário das escolas tanto públicas como privadas um Dia de Consciência à Sustentabilidade”.

Alencar de Araújo Rosa, bancário e morador antigo da Rua Bento Goiá

Fotos Divulgação

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